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- NOTÍCIAS, COMENTÁRIOS, HISTÓRIA e ESTÓRIAS DA ALDEIA-

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Coordenação de José da Luz Saramago
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Para todos os conterrâneos, em especial para os que vivem e labutam fora do seu torrão natal.

sábado, 30 de outubro de 2010

NOSSA TERRA NOSSA GENTE



                                          A ADIAFA


Todos os Outonos o Sr. João da Guilhermina contratava um rancho de homens, mulheres e crianças para a apanha da azeitona.
Um barracão enorme servia de dormitório e de cozinha àquela gente alegre vinda do lado de lá das serras (talvez por isso, os louriceirenses lhes chamassem de serranhos), gente indiferente à chuva e ao frio,trabalhadores incansáveis e, sobretudo, humildes, apontados como exemplo, pelo patrão, aos outros da aldeia.
à noite , havia sempre um bailarico ao som de uma concertina nas mãos de um serranho, à luz de um gasómetro. Os da terra juntavam-se-lhes e dançavam, também.
As tabernas e as lojas, depois do solposto, eram animadas com a algazarra dos forasteiros. Aquela gente emprestava à Louriceira um movimento desusado e alegre.
Terminada a safra, o rancho despedia-se do patrão e dos habitantes da aldeia, percorrendo as ruas, empunhando um mastro muito bem ornamentado com verduras, bandeiras de papel colorido e muitas bogigangas e encimado por um ramo de oliveira com azeitonas. Cantavam canções da sua região, lançavam foguetes, dançavam aqui e ali:
Eu hei-de ir, eu hei-de ir
eu hei-de ir não sei pra onde
Eu hei-de ir pra trás da serra
Por onde o Sol se esconde.
à noitinha, a última noite, era servido um jantar do porco que o patrão tinha oferecido. O vinho era a jorros, a alegria estampada nos rostos. A noite era curta e o sono profundo. Precisavam abalar cedo. No próximo ano estariam de volta.



2 comentários:

  1. Excelente texto, o qual, retrata as vidas da gentes em épocas passadas nas aldeias do país.
    Gostei. Aceite os meus sinceros parabéns.

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  2. Muitos Parabéns pelo seu blog desde da selecção dos conteúdos abordados até à forma como transmite os seus conhecimentos e informações úteis a todos nós, os leitores.
    Um excelente exemplo de pleno uso da cidadania.

    Muito obrigado.

    Continue.

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