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- NOTÍCIAS, COMENTÁRIOS, HISTÓRIA e ESTÓRIAS DA ALDEIA-

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Coordenação de José da Luz Saramago
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Para todos os conterrâneos, em especial para os que vivem e labutam fora do seu torrão natal.

sábado, 7 de agosto de 2010

NOSSA TERRA NOSSA GENTE

                                           ESTÓRIAS DO ZÉ CAIXEIRO
Numa desfolhada que, como sempre, durou até à meia-noite, Zé Caixeiro ouviu estórias de bruxas e lobisómens, da Boa Hora e da Má hora. Arrepiado, atravessou a rua a correr e tudo que ouviu se apresentou na sua frente. Não dormiu naquela noite de 1944. Todos os ruídos eram o anúncio da desgraça. Do escuro nasciam luzes de todas as cores...
Na sexta -feira seguinte o seu patrão mandou-o ir ao Malhou buscar um fato que tinha mandado emendar numa costureira, já era noite cerrada. Nos seus 11 anitos e com as estórias da desfolhada na cabeça, procurou o seu amigo Zé Pequeno para o acompanhar no porta-bagagens da sua pasteleira.
Só, cerca da meia-noite o fato foi dado pronto e lá seguiram. No cruzamento das ruas da escola, no Malhou, viram um vulto enorme, esbranquiçado, muito parecido com aquela "Boa Hora" descrita na desfolhada. O susto foi tal que não conseguiram diálogo. A electricidade do corpo do Zé Caixeiro, transmitida aos pedais da bicicleta, puseram-nos na Louriceira à velocidade de um foguete. Só aqui abriram bico perguntando um ao outro o que tinham visto.
Chegados a casa do patrão contaram o sucedido, ao que a patroa disse terem estado na presença da "Boa Hora"; que não deveríam ter fugido! Fugido, sim, se o bicho fosse negro, a "Má Hora" porque essa  indicaria toda a má sorte do mundo das desgraças. Aquela que encontraram era a "Boa Hora a quem deveríam ter pedido três coisas boas, como por exemplo: saúde, dinheiro e amor.
Talvez por isso, pensa hoje o Zé Caixeiro, as três coisas boas não aconteceram...

1 comentário:

  1. Maria da ConceiçãoGorjão Caetano17 de agosto de 2010 às 10:21

    Eu sou da terra, cresci nessas histórias,corri nessas pedras e diverti-me nas festas.
    De tudo isso, muitas saudades tenho.
    É bom saber que alguém não deixa esquecer esses bons tempos.

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