MEMÓRIAS
Era o tempo em que deveríamos ser meninos! Sim, porque somos dos muitos "homens que nunca foram meninos". Tempo do slogan "o trabalho do menino é pouco mas quem não o aproveita é louco" e, por isso, as crianças iam para a monda do arroz nos campos do Sr. Torres, para a sacha nas terras do Sr. Domingos Bento ou, simplesmente, por falta de trabalho, levar os almoços aos pais que labutavam nas fábricas (3 dias por semana) e, no regresso, apanhavam bonicos para estrumar a horta. Depois iam à água à fonte do Vale para a mãe fazer o jantar e, no caso das raparigas, não podiam demorar-se porque, de seguida, ainda teriam de ir, de alguidar à cabeça, lavar a roupa no rio.
Tempo de pedir dinheiro a juro ao sr. Roberto para pagar a doença dos pais ou dos filhos. Tempo da "mania" dos enforcamentos, (porque haveria tantos suicídios?) ou das mil bebedeiras para afogar desgostos ou esquecer as desgraças. Tempo do medo da Guarda Republicana ou do homem que não conhecíamos. Tempo de luta!...
De luta é sempre o tempo para que os homens não durmam o tempo todo.
Hoje é tempo de estar acordado!
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