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Coordenação de José da Luz Saramago
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Para todos os conterrâneos, em especial para os que vivem e labutam fora do seu torrão natal.

domingo, 18 de julho de 2010

NOSSA TERRA NOSSA GENTE

                                             MEMÓRIAS DA MINHA INFÂNCIA
De gargalhada em gargalhada se ia esgotando o tempo da desfolhada.
No dia seguinte, logo de madrugada, o Zé Caixeiro teria de pôr as cangalhas na burra e ir à fonte do Vale acarretar a água necessária à casa do lavrador. Por isso, entre o medo e o sono, corria para a cama que algumas vezes mijei.
Depois, outro e mais outro dia surgiam, sempre iguais. Contava os que faltavam para para o dia de Todos os Santos em que se pedia o Pão por Deus; a feira de Pernes para comprar pinhões; a noite de Natal, acesa por gigantesca fogueira de azinheiras e oliveiras que duraria até ao dia de Ano Novo com a esperança e o desejo que a guerra acabasse; depois o dia de Reis e a festa de S. Vicente, em cuja procissão se incorporavam as imponentes fogaças transportadas à cabeça por lindas raparigas; mais tarde, a quinta-feira de comadres e, a seguir, a quinta-feira de compadres; o Carnaval já se brincava a valer e o Zé Caixeiro tinha, naqueles dias a alegria que lhe faltava no resto do ano; a quarta-feira de cinzas, com o enterro do bacalhau. Seguiam-se outros dias importantes: Sexta-feira de Paixão, sábado da Aleluia e domingo de Páscoa quando o padre percorria as ruas, de crucifixo na mão, benzendo as casas, dando confeitos e recebendo,em troca, galinhas e trigo (era o partido). Tempos duros mas que recordo com saudades, sem ser saudosista.

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