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Coordenação de José da Luz Saramago
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Para todos os conterrâneos, em especial para os que vivem e labutam fora do seu torrão natal.

domingo, 9 de janeiro de 2011

nossa terra nossa gente

                  A ESTÓRIA DA VIDA E MORTE DE ZÉ DO NACO (continuação)


Eram felizes. Maria repartia com o seu Zé toda a riqueza da sua pobreza. Viveram muitos anos naquele Monte, até descobrirem que aquela vida não dava para um dia poderem ser livres. Ao menos para que, como os outros casais de Sobreira Formosa, podessem dispor de tempo e algum dinheirito para ir à feira anual de Castelo Branco comprar uma farpelita nova. E ainda o que lhes valia era não terem filhos...
Sonhavam com uma vida melhor.
O sr. Januário, pessoa perspicaz, percebeu a tramóia e, num belo domingo, depois da missa, chamou o Zé ao seu escritório, mandou-o sentar num cadeirão mais baixo. Elogiou o seu trabalho e prometeu-lhe que das vinte parideiras, a primeira a ter bácoros, esses seriam para si e que, logo que tivessem capazes poderia tirar um domingo para ir com a Maria à feira vendê-los.
O nosso herói não cabia em si, de contentamento.
- Sabes, Maria, os primeiros bácoros que nascerem, são nossos! - gritou Zé do Naco, eufórico de alegria.
Eu não te dizia, Zéi, que o Sr. Januário era o melhor patão das redondezas!?... - correndo a abraçá-lo.
E lá ficaram felizes de esperança, sonhando, sonhando...
Os dias e os anos foram passando sem que, apesar daquele vantajoso "contrato" se vislumbrasse, em concreto, uma vida mais digna.
Mas um dia chegaram notícias da Louriceira, ... Que tinham feito uma ponte de madeira sobre o Alviela; que arranjaram a estrada e inauguraram uma fonte; que até já havia quem tivesse comprado um automóvel...
Zé do Naco ficou entusiasmado e convenceu a sua Maria a ir conhecer a sua terra logo que juntassem dinheiro para a carreira.
Se bem combinaram, melhor fizeram. Abalaram, sem avisar ninguém, com todos os seus haveres.
                              

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