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Coordenação de José da Luz Saramago
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Para todos os conterrâneos, em especial para os que vivem e labutam fora do seu torrão natal.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

HISTÓRIA

                     LOURICEIRA ENTRE 1930 E 1960
  
UM TRABALHO DA PROF. DOUTORA MARIA SUZANA GARCIA

Enquanto estudante de Ciências Antropológicas do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, esta nossa conterrânea, em 1998, desenvolveu um trabalho de pesquisa recorrendo a entrevistas a pessoas idosas de toda a freguesia e, num A4 com 50 páginas a que deu o título de Caracterização Agrícola e Ecológica de Uma Aldeia Rural do Concelho de Alcanena  do qual extraímos da página 22 o seguinte texto:
" A carne de porco era preparada para enchidos e o toucinho para torresmos e o restante, assim como os ossos, colocado em salmoura. As pernas podiam ser preparadas para presuntos. Tudo isto tinha que durar para o ano todo. Mesmo as famílias mais abastadas apenas comiam galinhas velhas e só em ocasiões muito especiais porque a maioria era para vender. Os comerciantes ambulantes trocavam galinhas, perus e ovos por tecidos, e era assim que muitas famílias conseguiam comprar os enxovais para as filhas.
O peixe também era uma fonte proteica importante na alimentação. No Inverno deslocavam-se alguns pescadores da Nazaré para estas paragens, pescavam no rio e vendiam o peixe aos habitantes locais. Também quase todos os dias vinham peixeiras vender sardinhas à aldeia  mas porque o dinheiro era escasso, uma sardinha tinha de ser dividida por duas ou mais pessoas. O principal conduto eram as azeitonas, seguidas pelo queijo e pelos ovos, sendo que o principal tempero era o azeite que no povoado existia em abundância.
O rio dava água para as hortas, força para mover as azenhas, areia e o peixe. 
Até aos anos 70 a população viveu em harmonia com o rio, a indústria de curtumes seguia moldes tradicionais, não poluentes, não utilizando muitos produtos químicos, pelo que todos os excedentes das fábricas eram reciclados e aproveitados pelas populações rurais.
O azeite tinha de ser poupado, as pessoas mais carenciadas vendiam-no aos lagareiros e, depois iam-no comprando aos poucos durante o resto do ano. 
Realmente, neste período, passou-se muita fome na aldeia.

                

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