RECORDANDO AMÂNDIO VIEIRA
Chegou a Primavera. Até que enfim!...
A manhã luminosa convida-nos a um passeio ao campo.
Descemos o caminho pedregoso ladeado por um chão que, aqui e ali, vai parindo um regato que, mais à frente, engrossará o ribeiro do Lameiro, onde as bogas lutam contra a corrente, e que lá em baixo se dilui no rio Alviela num sussurro melodioso que acompanha o canto dos pintassilgos, dos cartaxos e dos pintarroxos.
A urze, a alfazema, a salva, a hortelã brava e a pimenteira exalam uma mistura de perfumes que nos revitaliza o espírito.
No rio cantam as galinholas, enquanto esperam o descuido de um barbo ou de um bordalo, seu petisco preferido.
Da outra margem, Amândio, agarrado à rabiça da charrua, grita à junta de bois que, pachorramente, agita as campaínhas, numa lamúria monótona:
- Faz-te ao rêgo, Cabano! ... Anda Castanho!...
Atrás de si, um bando de alvéolas esgravata a terra, já lavrada, à procura de minhocas e de outros vermes.
O baloiçar do caniçal, ensaia outra música.
Tudo é melodia... tudo nos convida à poesia...
Quem nos dera ser poeta para melhor poder transmitir ao papel tôda esta maravilha da Natureza...
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