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Coordenação de José da Luz Saramago
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Para todos os conterrâneos, em especial para os que vivem e labutam fora do seu torrão natal.

domingo, 2 de janeiro de 2011

nossa terra nossa gente

                                                PÃO CASEIRO


Passar uns dias, de vez em quando, em casa dos filhos, é sempre agradável. Rever e abraçar amigos de algumas décadas, é consolador.
Há dias, numa refeição fui servida de "pão da Louriceira". E que luxo de pão... aveludado, gostoso!
- Da Louriceira, e ainda quente? indaguei, desconfiado.
- Chamam-lhe pão da Louriceira. Outros dizem ser alentejano. O que é certo é que é fabricado aqui bem perto. Em Alhos Vedros.
Desfazer o enigma, impunha-se. A curiosidade mete-me a caminho da padaria indicada:
Uma moradia tipicamente alentejana. Um magote de gente aguardava a última fornada.
Meti conversa perguntando se o pão seria tão bom como o cheirinho que nos entrava pelo nariz.
- Não há na região melhor pão que o da Louriceira.
- Da louriceira? Como, se é aqui fabricado?
- Não sei porque é assim chamado. O que importa é que é bom e não como outro.
Um portão largo, ao lado da padaria, conduzia-nos a um grande pátio, de paredes caiadas, onde pargas de lenha de pinho se arrumavam. Ao fundo, um enorme forno e a azáfama de vários trabalhadores. Mais ao lado, um armazém com pilhas de sacos de farinha onde, em letras vermelhas, se desvendava o "mistério":
"António Raimundo Pitorro & Filhos - Louriceira"
"Gato escondido com o rabo de fora".





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