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- NOTÍCIAS, COMENTÁRIOS, HISTÓRIA e ESTÓRIAS DA ALDEIA-

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Coordenação de José da Luz Saramago
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Para todos os conterrâneos, em especial para os que vivem e labutam fora do seu torrão natal.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

HISTÓRIA

                                                                   

                                DIA DO TRABALHADOR

                                Um abraço de um Maio sempre novo
                                com frescura e cor primaveril
                                neste dia primeiro em que o povo
                                prolonga na rua o mês de Abril.

Nesse longíncuo ano de 1886, com o objectivo de lutar pelas 8 horas diárias e melhores condições de trabalho, no dia 1 de Maio, muitos  milhares de trabalhadores de Chicago que trabalhavam entre 12 e 18 horas diárias, manifestaram-se pacificamente nas ruas. A polícia investiu e fez muitos feridos e mortos.
Quatro anos depois a manifestação repetiu-se. Mais prisões de centenas de trabalhadores, 8 dos quais condenados à morte pela forca.
Esse sacrifício saldou-se pela consagração das 8 horas. Apartir daí, em todo o mundo, os trabalhadores passaram a comemorar o dia 1 de Maio como o DIA DO TRABALHADOR em homenagem à luta e aos mártires de Chicago. Em Portugal, também, mas só a partir da implantação da República e até ao golpe militar de 28 de Maio que trouxe o fascismo até ao 25 de Abril de 1974.
Logo a seguir, o primeiro 1º de Maio passou a ser festejado em liberdade.

POESIA

                                                                 

                                                                                  A NOITE NASCEU

Sonhei
          que as guerras acabaram,
          as flores floriram,
          as ave trinaram,
          os anjos sorriram.

Acordei
           e vi,
           um quadro pintado
           com cores sofridas
           e um livro escrito
           com palavras perdidas,
           ouvi,
           um louco dizer:
           "saúde mental,
           é capacidade de calar
           e sofrer"
           e um porco grunhir:
           " democracia
           é gostar de mentir
           e obrigar a sofrer"
           apeteceu-me fugir,
verifiquei
           que a alegria morreu
           e a noite nasceu.
                                                         do livro Viajem ao Interior da Solidão
                                                         do poeta e pintor louriceirense Jorge Gomes

AUTARQUIAS

                                                      

                                         ASSEMBLEIA DE FREGUESIA DE LOURICEIRA

Reuniu ontem a Assembleia de Freguesia para discutir e aprovar a Ordem de Trabalhos ontem aqui publicada.
No período Antes da Ordem do Dia foi levantada, pelos Independentes a questão do local onde foi colocado o PT da EDP.
Eduardo Clemente disse ser desejável que o mesmo dalí saísse, por ser inestético e incomodar os vizinhos. O Presidente da Junta, joaquim Gomes, afirmou que fez todas as demarches possíveis para solucionar o problema e não ter sido responsável pela localização do PT.
A Presidente da Mesa, Ana Isabel, deu a palavra ao público e Acildo Cardoso disse, com indignação, que o posto tem de sair dali. Está localizado a 6 metros do seu quarto. Ou sai o PT ou eu, acrescentou.
Depois, no 1º ponto da OT, o tesoureiro da Junta, Avelino Vieira, informou ser de 44.058,47 euros o saldo positivo.  A Conta de Gerência, muito discutida pela oposição ICA, acabou por ser aprovada por unanimidade, tal como o ponto 3, sobre a Execussão do Plano Plurianual de Investimento.
A 1ª    Revisão do Orçamento 2010 teve grande oposição por parte dos Independentes que se vieram a abster mas que foi aprovada por todos os eleitos PS.
O Regulamento e Tabela Geral de Taxas foram aprovados por unanimidade.
Louriceira.Online publicará brevemente a Tabela de Taxas. 
       

quarta-feira, 28 de abril de 2010

ASSOCIAÇÕES

COLECTIVIDADES DE LOURICEIRA

OS BELENENSES DE LOURICEIRA

Em finais dos anos 30 do século passado, foi fundada a primeira colectividade da nossa terra por influência de Silvestre Jorge, um conterrâneo belenense, padrinho, pois, da colectividade.
A sua sede foi instalada na rua Direita e a sua actividade resumiu-se ao futebol.
Teve uma vida muito curta, fechando as suas portas nos pricípios da década de 40.


SOCIEDADE RECREATIVA LOURICEIRENSE FOOT-BALL CLUB

Logo se sucedeu esta Associação que teve curta duração, vindo a encerrar ainda na mesma década.
A sua actividade não passou, igualmente, do futebol, apesar de ter tido uma equipa das mais fortes do concelho.
Teve a sua sede na rua da Praça.





CENTRO INSTRUTIVO E RECREATIVO LOURICEIRENSE

Esta colectividade, sediada na rua Direita, abriu as suas portas em 4 de Novembro de 1955 e dedicou-se ao convívio. Abriu uma biblioteca e tinha uma equipa de futebol.
A sua duração também não foi longa por causa do forte fluxo de emigração que a Louriceira conheceu no início da década 60.





CENTRO RECREATIVO E DESPORTIVO LOURICEIRENSE

Fundado em 22 de Junho de 1984, na rua dos Olhos D´Água, passou, posteriormente,    para o largo Luis de Camões até à construção do Pavilhão Polivalente aonde veio a instalar-se.
Aqui, com espaço para desenvolver várias actividades, teve sucesso durante muitos anos na cultura, no recreio e no desporto onde o cicloturismo e o futebol de cinco levaram o nome da Louriceira por Portugal fora.
Hoje, sem Direcção, não funciona, mas um pequeno grupo de jovens tem um projecto para a sua revitalização.


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terça-feira, 27 de abril de 2010

ASSOCIAÇÕES

                                        " NÃO À VIOLÊNCIA"

A AMAAC da Louriceira organiza um passeio de bicicleta pelo "NÃO À VIOLÊNCIA" no próximo dia 1 de Maio.
A concentração far-se-á no adro da Igreja, pelas 9,30 h e a partida ás 10, com chegada prevista ao Alviela pelas 11,30 h.
Às 12 haverá almoço partilhado. Às 13, peddy-paper pelo "não à violência" e às 15,30h o regresso a casa.
As inscrições poderão ser feitas junto de um dos elementos da AMAAC ou pela internet: amaac_louriceira@hotmail.com.

COMENTÁRIO

From: zé contribuinte
To: Quem de direito

Ora aqui estou, conforme prometi. Hoje para me queixar de que há por aí muitos espertalhões que se servem de nós, povo simples que acredita na boa fé de outros, para fazer fortunas. E nós, sem termos quem nos proteja, caímos com facilidade no conto do vigário. Diz o ditado que "só cai quem quere". Mas, olhe que não! olhe que não! Muitas fortunas se têm feito através de anúncios na Imprensa , como aquele que nos promete ganhar 5 ou 6 mil euros por mês num trabalhinho em nossa casa a dobrar envelopes; ou o da astróloga-vidente que nos trás, de volta, a pessoa amada; o do cartomante diplomado que trata de todos os nossos problemas; ou do produto que faz crescer o cabelo... No telemóvel recebemos uma mensagem a informar que nos saíu num sorteio uma viagem a Veneza, é só ligar para determinado nº, e depois de o fazer, quando já estamos há muito tempo a responder a um questionário, cai a chamada por já se terem esgotado os 25 euros com que antes tínhamos carregado o telemóvel. E muitos outros casos que Vª Exª sabe porque também compra jornais e usa a internet.

E assim vamos engordando parasitas desta Sociedade que os legalizou.
Talvez Vª Exª ache que é uma maneira correta de ganhar a vida... que são indivíduos que não contam para o desemprego. E que alguns até se constituem empresários, pagando os impostos de que Vª Exª se serve...
Se assim não é, porque não criar uma lei que acabe cm esta cambada?

Vou esperar, sentado, que isso aconteça.
                                                                          Até lá, atentamente
                                                                          zé contribuinte

segunda-feira, 26 de abril de 2010

HISTÓRIA

                                                                          LOURICEIRA ANTIGA

Muito sumàriamente, diremos que a Louriceira é uma aldeia muito antiga. Talvez com mais de 4 ou 5mil anos de existência, pois se sabe que existiu no Cabeço das Figueirinhas uma fundição de bronze que laborou entre 2 a 5 mil anos antes de Cristo, o que provará a existência de uma comunidade.

Depois há indícios de que a primeira capela da nossa igreja matriz terá sido construída em 1151, dado encontrar-se uma pedra, com a inscrição daquela data, na torre sineira. Diz-se que foi mandada construir por D. Afonso Henriques em agradecimento ao povo pela ajuda prestada na preparação que aqui terá sido feita para o assalto ao castelo de Santarém.

Também há quem afirme que viveu na Quinta de Alviela o nosso poeta maior, Luis de Camões.

Depois, há indícios da destruição e saque de muitas habitações por parte das tropas de Bonaparte, que aqui estiveram aquarteladas aquando das Invasões francesas, o que terá afugentado grande parte da população para outras paragens.
O certo é que se julga que os invasores terão, também destruído, ou levado para parte incerta, documentação que hoje nos falta para provar, talvez, o que acima escrevemos.

Com maior rigor, já podemos afirmar que a Louriceira teve um maior desenvolvimento a partir de 1870 por se ter instalado aqui um grande estaleiro para as obras da conduta de água para Lisboa. Ainda hoje se pode admirar um património arquitectónico valioso de aquedutos dos quais se salienta a arcada do Vale que constitue um dos ex-libris da nossa terra.

Em 1830 foi instaurada, pelo decreto lei nº 25, a Junta de Paróquia que só em 1896 passa a ser presidida por um regedor.

Brevemente falaremos da Louriceira do século passado.
                                                                                                                                                jls

domingo, 25 de abril de 2010

ESTÓRIAS

                                                        AS MONDAS

Logo que a Primavera fazia brotar as ervas daninhas nas searas, as cachopas da Louriceira lá iam para as mondas, cotrtadas por casas de lavradores de Alcanena como as de Ladeiras, Anastácio, Aníbal Machado, Domingos Bento e Joaquim Reis, entre outras, cantando as canções de todos os dias:

Olha a laranjinha que caíu, caíu
num regato d água, nunca mais se viu

A laranja foi à fonte/ O limão foi atrás dela
A laranja bebeu água/ e o limão o sumo dela.

Trabalho duro, de sol a sol.
Descanso para almoço no meio do campo.
Sopas de pão com bacalhau, num dia. Noutro, couves com feijões. Ainda noutro pão com azeitonas ou cebola frita no pão.

A jorna de 10$00 era pequena e o dia muito grande... muito grande... mas as cachopas cantavam... cantavam ... ensaiando as cantigas que iriam fazer o baile de roda na casa do ti Mateus no domingo seguinte:

Fui ao jardim das flores/ com a cestinha no braço/ encontrei o meu amor/ ai Jesus, daqui não passo.
Troca o par e passa à frente/ que o meu já vai trocado/ o amor que há-de ser meu/ Há-de sê-lo para sempre.

De regresso a casa, já noitinha, os rapazes esperavam-nas no largo do barracão. A troca de olhares compensava o esforço e o cansaço.

                                                                                        JLS

sábado, 24 de abril de 2010

COMENTÁRIO

                                                 A QUEM DE DIREITO

Exmº. Senhor:

V.ª Exª. é, cada vez mais, um homem multifacetado.
Qual camalião,Vª Exª muda de côr, de cargo ou de lugar com uma facilidade espantosa. Esconde-se na pele de um edil, no fraque de um Secretário de Estado, na casaca de um Ministro ou num fato azul-hidráulico de um tecnocrata.

Daí que, para me dirigir a Vª Exª, eu tenha muita dificuldade. Dificuldade que Vª Exª aproveita habilidosamente para se esquivar a responsabilidades e a polémicas.

É que, tenho em carteira vários assuntos que lhe quero apresentar: Pedidos, sugestões, reclamações e ... aclamações.

Por hoje vou deixá-lo em paz porque amanhã é já o Dia da Liberdade.

                                                           Até breve
                                                           Atentamente
                                                           Zé Contribuinte

sexta-feira, 23 de abril de 2010

CULTURA

                           

                  DIA MUNDIAL DO LIVRO

  Hoje, 23 de Abril, queremos lembrar o que alguém escreveu:

" Quem não lê é como quem não vê"

... e já agora permita-me um conselho:

OFEREÇA UM LIVRO.
 

quinta-feira, 22 de abril de 2010

SOCIEDADE

25 de ABRIL

No próximo domingo celebraremos o DIA DA LIBERDADE.
Nessa madrugada de há 36 anos atrás partiu de Santarém uma coluna militar, comandada pelo capitão Salgueiro Maia, com chaimites e outros carros de combate apodrecidos. Alguns deles ficaram pelo caminho, o que fez temer o êxito da Revolução.
Chegados ao Terreiro do Paço depararam-se com uma defesa ainda mais podre, tal como o agonizado regime fascista que mantinha nas suas prisões milhares de patriotas que não concordavam com aquela ditadura.
Poucas foram as unidades militares que ofereceram resistência, até porque a sua intervenção seria impossível, dada a envolvência de muitos milhares de pessoas - entre as quais eu me incluía - que protegiam as forças progressistas do Movimento das Forças Armadas.
O regime fascista tinha caído, em poucas horas, sem perda de sangue, apesar do intenteso bombardeamento do quartel da GNR, no largo do Carmo, onde se refugiara Marcelo Caetano.
Durante alguns anos o povo acreditou que a Democracia lhe daria melhores dias mas hoje a diferença é pouco mais do que poder opinar. Esta minha opinião, hoje livre, não poderia ser transmitida. Mas o povo sofre na pele o desemprego, o emprego precário, o emprego sem futuro, o fosso cada vez maior entre pobres e ricos, a corrupção, enfim...vários males maiores que são motivos de descrença nesta outra Sociedade.
Mesmo assim: VIVA O 25 DE ABRIL, SEMPRE!!!

                                                                               José da Luz Saramago

quarta-feira, 21 de abril de 2010

ASSOCIAÇÕES

AIJIL

A Associação Integrada de Jovens e Idosos de Louriceira, tal como o seu nome indica, tem como princípios, entre outros, a convivência e a troca de saberes entre jovens e idosos que viveram a Louriceira dos anos 30 e 40 do século passado e se alumiavam à luz de candeias de azeite ou de candeeiros de petróleo, substituìdos, depois por gasómetros a carboreto, antes que, em fins da década 60, chegasse a luz elétrica.
A água era abastecida pelas fontes do Vale e do Lagartal e muito depois pelo chafariz da Ferreira em quartas de barro à cabeça das mulheres ou em cangalhas no lombo de jumentos.
Mas os velhotes, aliás, os idosos, perdão, os séniores também poderão aprender com os jovens muitas coisas, das quais citaremos o exemplo mais evidente: trabalhar com um computador, entrar na Internet e ter o Mundo na mão.
A AIJIL será, pois,a correia de transmissão para este diálogo intergeracional,
Desta Associação traremos mais informação, muito brevemente.
                                                                   JLS

sexta-feira, 16 de abril de 2010

ESTÓRIAS

O HOMEM DA LOIÇA

Ao longe houve-se uma música de feira que se vem aproximando.
O camião pára no largo.
O altifalante canta pela voz de Amália Rodrigues:
"São os caracois, são caracolitos. São os espanhois,são espanholitos..."
e logo interrompe, para gritar:
"Venham ver a loiça! são os copos de vidro, alguidares de barro, vasos jarros de vidro e muin...ta, muin...ta loiça.´´
É tudo barato... tudo barato!... venham ver!...
É o homem da loiça...
Venham ver a loiça!..."
As mulheres vão-se, aos poucos, juntando frente ao camião das surpresas e, lentamente, apreciando.
Tudo lhes faz falta: copos, canecas, pratos, talheres...
Tudo o que ali está lhes faz grelar o olho. Ou porque não têm ou porque e´preciso substituir as as peças já muito usadas.
Mas, mesmo assim, o negócio do homem da loiça é fraco.
E logo parte para outras terras vizinhas porque tem de vender tudo
"Tudo barato"
Porque ainda tem muita... muin..ta loiça 

quarta-feira, 14 de abril de 2010

PREGÕES

Do Espinheiro vinha o "Pistola" soprando na cornêta e cantando: "sardinhas e carapaus!"...
O Cruz, de Pernes,na sua carroça gritava: "quem tem ovos e galinhas que queira vender?"...
O pregões multiplicavam-se:
"Ferro velho, cêra ou lã." "Ourives à porta!" "É barato! comprem, comprem! trago chita da tabela!"
E quantas vezes os pregões se misturavam...
"Tem por aí trapos ou garrafas que queira vender?..."
"Chegou o homem da loiça! é tudo barato! tudo barato!"
A aldeia acordava ao som dos cânticos destes verdadeiros artistas, compositores das suas músicas e autores das letras dos seus pregões.
Era bonito de se ouvir... e as pessoas tinham ás suas portas a satisfação das suas necessidades.
Se não tinham dinheiro, pediam fiado ou trocávam por ovos, galinhas, coelhos ou produtos da sua agricultura.
Se não compravam muito, contentavam-se com pouco.
O tempo era de uma sardinha "chegar" para três pessoas...
"Deus dava o frio, conforme a roupa"

sábado, 10 de abril de 2010

UM PASSEIO AO CAMPO

                                          RECORDANDO AMÂNDIO VIEIRA

Chegou a Primavera. Até que enfim!...
A manhã luminosa convida-nos a um passeio ao campo.
Descemos o caminho pedregoso ladeado por um chão que, aqui e ali, vai parindo um regato que, mais à frente, engrossará o ribeiro do Lameiro, onde as bogas lutam contra a corrente, e que lá em baixo se dilui no rio Alviela num sussurro melodioso que acompanha o canto dos pintassilgos, dos cartaxos e dos pintarroxos.
A urze, a alfazema, a salva, a hortelã brava e a pimenteira exalam uma mistura de perfumes que nos revitaliza o espírito.
No rio cantam as galinholas, enquanto esperam o descuido de um barbo ou de um bordalo, seu petisco preferido.
Da outra margem, Amândio, agarrado à rabiça da charrua, grita à junta de bois que, pachorramente, agita as campaínhas, numa lamúria monótona:
- Faz-te ao rêgo, Cabano! ... Anda Castanho!...
Atrás de si, um bando de alvéolas esgravata a terra, já lavrada, à procura de minhocas e de outros vermes.
O baloiçar do caniçal, ensaia outra música.
Tudo é melodia... tudo nos convida à poesia...
Quem nos dera ser poeta para melhor poder transmitir ao papel tôda esta maravilha da Natureza...

quarta-feira, 7 de abril de 2010

CENTRO RECREATIVO E DESPORTIVO LOURICEIRENSE

                                        VAMOS REACTIVAR O C.R.D.L.?


Rebuscámos do jornal "O ALVIELA" de 08 de Abril de 1995 ( faz amanhã 15 anos) uma notícia do CRDL donde se destacavam as principais actividades do mês de Março:
- " Prossegue o campeonato de Damas, com 20 participantes.
- Termina no domingo o campeonato nacional da 2ª divisão de Futebol de cinco em que o CRDL participa.
- A equipa de séniores está a participar no Torneio de Pernes e os juvenis no Torneio dos Bugalhos.
- No dia 31 de Março haverá uma sessão de Fados com artistas profissionais consagrados.
- No passado dia 1 foi representada a peça de Teatro "A COISA" pelo grupo de Teatro Oficina, de Santarém.
- A secção de Cicloturismo abriu a época no passado dia 19 num passeio que deu a volta ao concelho.
- No próximo dia 23 de Abril decorrerá um concerto pelo Órfeão de Portalegre.
- A 6 de Maio será apresentado um sarau de ginástica pelos atletas da Casa do Benfica de Santarém.
Daqui se saúda a actividade destes carolas, dirijentes do CRDL, que procura um convívio são para melhorar as relações entre os Homens",acrescentava o jornal.
E agora acrescentamos nós:
Já é tempo dos jovens de hoje reanimarem o CRDL para bem da Louriceira e da sua juventude.

O SALTO

O “Salto” Mortal




Na década de sessenta, muitos foram os nossos conterrâneos que “deram o salto”. Assim se designava, popularmente, a emigração clandestina.

Pedia-se dinheiro emprestado, a juro, a um qualquer usuário para se entregar ao engajador que podia ser o “Trinta” ou o “Catanha”.

Estes conduziam os pretensos emigrantes até à fronteira e, quantas vezes, ali mesmo, os abandonavam. Pelas prisões de Vilar Formoso e de outras terras arraianas passaram muitos dos nossos conterrâneos que viram frustrados os seus intentos e perdido todo o seu dinheiro que, pelas suas contas, deveria chegar até arranjarem trabalho em França.

Quando a fronteira portuguesa não constituía maior obstáculo, ei-los escondidos noites e dias em camiões como qualquer mercadoria, outras vezes a pé por vales e serras, cansados, esfaimados, ansiosos.

Só por isto o emigrante português merecia um monumento em sua honra.

Chegados, também a vida não era fácil: o alojamento na barraca de um amigo, a língua, adaptação ao meio, os transportes, tudo! Tudo era diferente, tudo era desigual.

Muitas estórias para contar mas um drama para salientar:

Um grupo de louriceirenses vivia em comum numa casa gélida. Na noite de 16 de Fevereiro de 1965, Joaquim Russo acendeu a braseira e os gases desta viriam a matar o Jorge Vieira, o seu primo Domingos e outro português, além de pôr em risco de vida outros companheiros, como o Aquiles e o Zé Rato.

Na sequência desta tragédia, Joaquim Simão (vulgo Joaquim Russo) pôs termo à vida. O desespero de quem se terá julgado culpado da morte dos seus amigos.

Anos terríveis que os nossos conterrâneos enfrentaram mas compensados pela melhoria da qualidade de vida que hoje desfrutam.

Uns regressaram e vemo-los bem. Outros, ainda lá, sempre com a sua terra no coração, à espera do Agosto que nunca mais chega, de todos os Agostos para, num salto, virem abraçar as raízes.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

A MARCHA DA LOURICEIRA EM 1950


O LOBISOMEM

Regressando de um bailarico no Malhou, naqueles anos quarenta em que as noites de luar tinham mais mistério, um grupo de jovens ao passar pelo adro da igreja de Louriceira, deparou-se com um burro a pastar.

Logo apostaram em quem, nele montado, fizesse a volta mais rápida em torno da igreja e do cemitério.

Um minuto foi o tempo que o Jorge levou. Cinquenta segundos para o Manuel, cinquenta e cinco para o Chico… e chegou a vez do António que, tendo-se em conta de ser o mais esperto, tirou o cinto das calças e passou-o pelo pescoço do animal, a fim de tirar proveito para uma corrida mais rápida.

Dada a partida, logo o asno e o seu jóquei desapareceram na esquina pardacenta do cemitério. Mas porque o tempo corria muito para além do previsto e o cavaleiro não aparecesse, o grupo resolveu ir procurá-lo.

O jumento tinha-se sumido, mas o António ali estava estendido no chão, atrás do cemitério, inanimado. Chapada daqui, chapada do outro lado, o rapaz lá acordou e logo indagou do burro e do seu vistoso cinto, que tinha estreado pelas sortes.

Qual cinto, qual carapuça, procuraram, procuraram, mas nada.

No dia seguinte, na taberna do Bernardo, como sempre lá estava o Ti-Jaquim Maior, encostado ao balcão. Mas desta vez com o bonito cinto do António a apertar-lhe as calças.

Que teria acontecido?

Claro que só poderia haver uma explicação: o Ti-Jaquim Maior seria o tal lobisomen de quem muito se falava e temia e que, enquanto burro naquela noite, teria levado consigo, preso ao pescoço, o precioso cinto.

E daí ficou a “certeza” de que Ti-Jaquim Maior, às Sextas – Feiras, pela meia-noite, saía de casa e logo se transformava no animal de cuja pegada tinha pisado no primeiro cruzamento de ruas que encontrasse.

Então o infeliz seria burro, cão ou boi durante toda a noite até que uma alma caridosa pegasse numa vara com aguilhão e o picasse para se transformar, de novo, em ser humano.

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in “Nossa Terra, Nossa Gente” – José da Luz Saramago

Publicado no Jornal “O Alviela” em 09.05.1997

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